Microcrédito pode ser a chave para Brasil se manter na dianteira da agricultura mundial
Por Phillippe Rubini - Sócio, CIO e Corporate Affairs do Grupo Fictor
O Brasil é reconhecido e admirado mundialmente por seu potencial
na área da agricultura, principalmente por países como Angola, que possui uma
caatinga similar a nossa. Por possuir terras férteis, clima favorável e uma
biodiversidade ampla, o nosso país é um dos maiores produtores e exportadores
de commodities agrícolas do mundo. Além disso, a crescente adoção de
tecnologias modernas, como a agricultura de precisão e a biotecnologia, por
exemplo, têm impulsionado a produtividade e a eficiência no setor. Mesmo com
estes avanços, o país ainda não atingiu nem metade de sua capacidade de
produção agrícola.
A tecnologia agrícola no Brasil avançou rapidamente, superando
os desafios climáticos associados à tropicalidade do país e à predominância da
caatinga em grande parte de nosso território. A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) realizou estudos para enfrentar esses imprevistos,
resultando em descobertas significativas sobre o cultivo em diferentes tipos de
solo. Graças a esses avanços, atualmente é possível realizar cultivos de soja
mesmo em áreas arenosas.
Esses avanços permitiram que nosso país saísse de apenas um
importador para exportador de alimento e conquistasse um polo de tecnologia e
inovação agrícola. Hoje, o Brasil continua a desempenhar papel fundamental no
fornecimento de alimentos, biocombustíveis e matérias-primas agrícolas para o
mercado global, tornando-se um player relevante na economia global. De acordo
com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – (FAO), o
Brasil poderá ser responsável por 40% da produção agrícola mundial em 30
anos.
Mas, para ocupar o lugar previsto pela FAO, apenas o avanço de
tecnologias que contribuam para produtividade agrícola não é suficiente. Aliado
a isso, é necessário ampliar a disponibilidade de microcrédito e o
estabelecimento de cooperativas. Gosto de comparar o microcrédito ao sangue e
as cooperativas ao coração, pois uma depende da outra. A chave para o sucesso e
expansão reside na sinergia entre esses dois componentes, que avançam lado a
lado.
No Brasil existe uma enorme quantidade de microprodutores, que
produzem apenas o necessário para sobreviver, justamente pela dificuldade em
conseguir crédito no mercado que possibilitem a compra de mais sementes e
maquinários adequados para a expansão de suas plantações. Outro ponto
importante são as cooperativas. Elas são responsáveis pelo acesso aos
maquinários e, além disso, têm muito a ensinar, já que são, essencialmente,
várias pessoas se unindo com um único objetivo.
No cenário atual, também é possível observarmos uma crescente
pressão sobre o setor do agronegócio, impulsionada pela expectativa de produção
em consonância com princípios ambientais e sociais. Neste contexto, se destacam
empresas e comerciantes que sabem como lidar com as questões relacionadas à
inflação e aumento de preços. À medida que a consciência ambiental aumenta
globalmente, a demanda por práticas agrícolas sustentáveis se intensifica,
colocando o agronegócio em posição crucial na busca por soluções que equilibrem
eficiência produtiva com responsabilidade ambiental.
Nos dias de hoje, é de extrema importância a necessidade de
aumento de investimentos em inovação agrícola, sustentabilidade e tecnologias
eficientes para aumentar a produtividade com redução de danos ao meio ambiente.
Atuo em diversos projetos voltados para investimento no segmento e o ESG é um
dos pilares que precisa sempre andar em conjunto. Acredito que fomentar,
produzir e distribuir são três palavras-chaves que devem estar no radar ao
investir nesses projetos. Não é apenas colocar o dinheiro, mas é necessário
pensar na cadeia produtiva como um todo. No contexto mais amplo das
preocupações globais com a sustentabilidade, a integração dos princípios ESG
(Ambiental, Social e de Governança) torna-se cada vez mais crucial.
As empresas do setor agrícola devem adotar medidas que não
apenas visam a produtividade e rentabilidade, mas também consideram os impactos
ambientais, a promoção de condições de trabalho justas e a transparência nos
processos de governança. Dessa forma, não apenas atendem às expectativas da
sociedade e dos investidores em relação à responsabilidade corporativa, mas
também fortalecem a posição do Brasil no cenário internacional como um líder
comprometido com práticas sustentáveis e responsáveis.

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