Brasil registrou quase 12 mil mortes de idosos por acidentes dentro de casa nos últimos 2 anos
Dados do Ministério da Saúde apontam queda como a principal causa; junho é mês de prevenção e a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico faz o alerta
Quem nunca escorregou no banheiro, tropeçou no tapete ou quase caiu ao descer uma escada? Situações comuns do cotidiano que, com o passar dos anos, podem se tornar armadilhas perigosas. Para os idosos, uma simples queda pode representar o início de uma série de complicações, que vão de fraturas complexas a internações, perda da autonomia e até óbito.
De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, entre 2023 e 2024, o Brasil registrou 11.801 mortes de pessoas idosas por acidentes domésticos, sendo as quedas a principal causa. A faixa etária mais afetada foi de pessoas acima de 80 anos, com mais de 6,7 mil óbitos no período. A pasta lembra que as informações referentes a 2024 são preliminares e sujeitos a alterações. O número, portanto, pode ser ainda maior.
Ainda segundo o Ministério, os tipos mais comuns incluem quedas no mesmo nível (4.813 óbitos), escorregões ou tropeços (2.537) e quedas sem especificação (902).
Quando analisadas internações hospitalares no período entre 2023 e março de 2025, foram contabilizados 328.355 registros de pessoas com 65 anos ou mais internadas por causas relacionadas a quedas.
Com a população envelhecendo cada vez mais e as consequências dessa problemática, o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, em 24 de junho, foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e incluída no Calendário da Saúde do Ministério da Saúde, com objetivo de alertar sobre riscos de quedas, principalmente entre os idosos.
“As quedas em idosos representam um dos maiores desafios para a saúde pública atualmente, devido às suas graves consequências para a qualidade de vida dessa população. Além do risco elevado de fraturas, especialmente de quadril, que podem levar à perda da autonomia e até a mortalidade precoce, as quedas impactam diretamente na capacidade funcional, gerando limitações físicas, dependência e isolamento social”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), Dr. Robinson Esteves.
A fratura no quadril é uma condição extremamente séria em idosos, pois além da lesão óssea, pode levar a complicações graves como infecções, trombose e pneumonia, elevando significativamente o risco de mortalidade, que pode chegar a 20% a 30% no primeiro ano após o acidente.
O que fazer quando um idoso sofrer uma queda?
Ao presenciar uma queda, o primeiro passo é manter a calma e verificar se o idoso está consciente. Se estiver, pergunte se sente dor em alguma parte do corpo. Observe se há dificuldade de locomoção ou dor intensa em regiões específicas, sinais que podem indicar fratura. Nesse caso, não o movimente, mantenha-o deitado em uma posição confortável e acione o socorro médico.
Se a queda parecer leve, ajude o idoso a se sentar e fique ao lado dele até que se recupere do susto. No dia seguinte, observe se surgiram hematomas ou dores persistentes. Caso os sintomas permaneçam ou piorem, leve-o imediatamente ao hospital.
“Mesmo quando a queda parece simples, os riscos de complicações são altos, principalmente entre os mais velhos. Por isso, todo cuidado é pouco, tanto na prevenção quanto no atendimento imediato”, fala Esteves.
Prevenção
Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença na prevenção de quedas dentro de casa, como usar calçados confortáveis e antiderrapantes e nunca andar apenas de meias. Se utilizar bengala, é importante verificar se a borracha da ponta está gasta e, se necessário, fazer a troca.
“Na questão estrutural, remova fios soltos que cruzam os cômodos e, se possível, troque o piso do banheiro por um modelo antiderrapante. Evite prateleiras de vidro e mantenha a casa sempre bem iluminada, principalmente o caminho até o banheiro durante a noite. Instalar lâmpadas sensoriais pode ajudar a evitar a necessidade de procurar o interruptor no escuro”, recomenda o médico.
Também é importante adaptar os ambientes com suportes, corrimãos e outros acessórios de segurança no banheiro, sala, corredores e quarto. “E, por fim, a prática regular de atividades físicas deve ser incentivada, pois ajuda a manter a força, o equilíbrio e a mobilidade, fatores essenciais para evitar quedas e preservar a autonomia na terceira idade”, conclui o especialista.
Sobre a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA)
A Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (ABTO), fundada em 25 de setembro de 1997, é uma associação científica de âmbito nacional sem fins lucrativos, constituída por médicos interessados nos estudos das afecções ortopédicas traumáticas do sistema locomotor. Congrega médicos que se interessam pelo trauma ortopédico e suas sequelas, aperfeiçoar e difundir conhecimentos e a prática da traumatologia ortopédica.

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