COLUNA Adriano Lima Neves

BARATAS QUE DEFENDEM O INSETICIDA

Por Adriano Lima Neves - Como já afirmava o filósofo iluminista francês François-Marie Arouet, mais 
conhecido nos meios acadêmicos pelo pseudônimo Voltaire, lá pelos idos do 
século XVIII, “é difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram”.

O título e a citação com a qual inicio o texto da minha coluna desta sexta-
feira, pode até deixar o leitor de O Leopoldinense um pouco intrigado, tirando conclusões antecipadas sobre posicionamentos políticos, principalmente por vivermos um momento de polarização ideológica.

Fiquem tranquilos que a intenção do texto é apenas tentar levar o leitor a 
uma reflexão e ajudá-lo a se reconhecer enquanto indivíduo social, identificando 
de maneira mais clara a que classe social pertence e se esse pertencimento está 
sendo defendido quando usa o seu sagrado direito de votar. Será que estamos escolhendo como nossos representantes aqueles que realmente defendem os anseios e as necessidades do grupo social a que pertencemos, ou estamos apenas nos dobrando ao conteúdo do marketing político, principalmente o que é disseminado pelas redes sociais?

A maioria de nós acredita que o marketing político a serviço de um candidato a cargo público é feito apenas por profissionais de comunicação, assessores jurídicos, personal stylist e outros que ajudam a criar uma imagem positiva do político. Mas não é só isso.

Ao longo da história, o marketing político foi usado de formas diferentes, 
até chegar ao uso da internet que, com sua velocidade e alcance, possibilita 
fazer chegar ao eleitor “qualquer conteúdo”, seja ele verdadeiro ou não, em um volume nunca visto no passado. Na campanha de Prudente de Morais, por
exemplo, o primeiro presidente civil do Brasil e o primeiro a ser eleito pelo voto 
popular, viajava-se em trens, em lombo de burros e até a pé durante a campanha, inimaginável hoje para um país com as dimensões do Brasil. O 
diferencial é que ele possuía uma caderneta de endereços com os nomes dos mais importantes interlocutores das cidades que visitava, a quem pedia voto e 
também dinheiro para a sua campanha eleitoral. Essas práticas de Prudente de 
Morais durante a campanha, podem ser consideradas como o início do marketing 
político no Brasil, pois atraía a atenção dos eleitores de regiões mais distantes, 
que nunca viam um presidente da República.

Já na era de Getúlio Vargas, os principais recursos de marketing político 
eram a comunicação oral e pessoal. Para isso, o rádio, a imprensa e o cinema 
foram os recursos de divulgação mais utilizados, tornando-o um líder nacional. 
Eleito, distribuiu a sua famosa fotografia por todas as repartições públicas 
brasileiras, gravando a sua imagem no subconsciente do povo brasileiro até hoje.

Juscelino Kubitschek é outro exemplo. Era um político muito popular, carismático, articulador e com grande habilidade na lida com o povo. Mas o seu 
diferencial foi uma assessoria de marketing muito mais profissional do que as que haviam atuado em campanhas anteriores. Nessa campanha, nasceram os cartazes, os panfletos, os santinhos e outras peças publicitárias importantes que se perpetuaram ao longo de décadas e ainda hoje são usadas.

Esses exemplos, até então, eram apenas meios e técnicas de propaganda 
para angariar votos, sem se espelhar, por exemplo, nas técnicas mais radicais
de manipulação de massas, como as de Paul Joseph Goebbels, o ministro da 
propaganda na Alemanha Nazista, que levou o cidadão comum alemão a apoiar 
o extermínio dos judeus no Holocausto.

Mas, no momento em que a internet passou a ser a grande fonte de 
divulgação de uma campanha política, outras formas de inserir no ambiente 
coletivo informações favoráveis a determinadas correntes políticas e ideológicas começaram a ser criadas.

Um estudo publicado pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, levou os 
pesquisadores dessa conceituada Universidade a uma conclusão que exige uma reflexão de todos nós que usamos as redes sociais e a internet para se informar. 
A pesquisa, intitulada “Desafiando a Verdade e a Confiança: Um Inventário 
Global da Manipulação Organizada nas Mídias Sociais”, concluiu que redes 
sociais como WhatsApp, Facebook, Twitter e Instagram, permitem o uso de 
ferramentas tão manipuladoras da opinião pública que se tornaram uma perigosa 
ameaça à democracia, assim como as de Goebbels.

Então, caro leitor, procure no fundo seu íntimo saber se na hora do voto 
você está escolhendo realmente um representante do meio social a que você
pertence ou se está deixando se convencer apenas pelas postagens que vê na internet.

Deixe para a sua consciência e somente para você a decisão sobre o seu 
reconhecimento de “pertencimento”, pois você pode ser mais uma barata que 
está idolatrando o inseticida. Inconscientemente...


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