COLUNA Adriano Lima Neves

UM PEDAÇO DA NOSSA HISTÓRIA VIROU RUÍNAS.


Como o caro leitor de O Leopoldinense já sabe, sempre trago aqui fatos e curiosidades históricas relacionadas à nossa querida Santa Leopoldina, terra na qual nasci e vivi toda a minha infância e juventude. Faço isso semanalmente com o maior
prazer

E isso às vezes gera alguns questionamentos de pessoas que, por desconhecer a riqueza da história de nossa cidade, chegam a duvidar que o nosso passado tenha sido tão glorioso. Isso certamente se dá em função da atual situação em que vive a nossa cidade, bem distante daqueles tempos áureos.

Mas isso não é motivo para deixarmos de nos orgulhar do nosso passado, pois trazê-lo ao conhecimento das novas gerações é uma forma de aumentar o orgulho dos nossos jovens por essa terra. E isso nos motiva a encontrar soluções que gerem desenvolvimento.

Santa Leopoldina realmente é uma cidade com uma riqueza histórica e cultural muito além do conhecimento da própria população. O pioneirismo de nossa cidade em vários aspectos do desenvolvimento do Espírito Santo é de gerar sim muito orgulho para os leopoldinenses.

Exemplo desse pioneirismo pode ser demonstrado no fato de termos sido o
primeiro município do Espírito Santo a conhecer e utilizar equipamentos de beneficiamento e secagem de café, lá nos idos de 1880. Aqui foi instalada a primeira academia de ginástica que se tem registro no Brasil, também na década de 1880. Já tivemos a primeira e maior ponte rodoviária do estado, a atual ponte Paulo Antônio
Médice, que ainda está firme e forte ligando as duas margens do rio Santa Maria da Vitória, apesar dos seus 152 anos de idade. Tivemos a honra de instalar em nossa cidade a primeira linha telefônica do Espírito Santo, um ano antes da capital. E também fomos o primeiro município do estado a ser ligado a outro por estrada de
automóveis e o primeiro município a ter rodando em suas estradas os primeiros caminhões surgidos por essas bandas.

Mas hoje quero falar de uma homenagem a um personagem que por aqui esteve em 1918, trazendo conforto espiritual e ânimo aos trabalhadores da construção da estrada citada, a rodovia Bernardino Monteiro, que liga Santa
Leopoldina a Santa Teresa. A homenagem da qual falo é um viaduto que foi construído na localidade de Nove Horas, e que inicialmente era utilizado pelos pioneiros caminhões que transportavam sacas de café entre Santa Teresa e o Porto de Cachoeiro. Ele foi batizado como viaduto Scarpadini, em homenagem ao Núncio
Apostólico Dom Angelo Jacintho Scarpadini.

A biografia de Dom Angelo é pouco conhecida, por isso a minha dificuldade em discorrer mais sobre a sua vida, mas sabemos que ele nasceu em Miorini, na Diocese de Novara, Itália, em 22 de dezembro de 1861. Mas a minha intenção com
o texto desta sexta-feira é fazer o leitor conhecer pelo menos um pouquinho do viaduto Scapardini, uma obra de grande valor histórico para Santa Leopoldina, mas que tem a sua existência completamente ignorada pelos seus próprios habitantes.

Abandonado após a mudança do traçado original da estrada, suas ruínas ainda podem ser observadas ao lado da rodovia Bernardino Monteiro, logo após o Cocal, à direita, no início da serra das 9 horas, dentro dos limites da propriedade do amigo Aquiles Leppaus, a quem devemos um agradecimento especial por preservá-las. Tinha 22 metros de comprimento total, com duas sessões de 6 metros em cada
vão, e foi uma obra de difícil construção, dada à ausência de equipamentos e às técnicas rudimentares, praticamente manuais. É considerada a primeira obra desse tipo no Espírito Santo, uma vez que fazia parte do traçado original da primeira estrada de rodagem de nosso estado.

São esses exemplos de pioneirismo que tornam a história de Santa Leopoldina tão rica histórica e culturalmente. E por que não explorar toda essa riqueza para gerar interesse e maior fluxo turístico em nossa cidade? O conhecimento de nossas potencialidades deve ser percebido primeiramente pelos próprios nativos que, com
orgulho e conhecimento, poderão disseminar essas informações por inúmeros meios
de comunicação, começando pelas redes sociais, que hoje alcançam públicos em
todo o mundo.

Sem esse conhecimento e essa divulgação, continuaremos com o potencial de desenvolvimento do turismo histórico e cultural em Santa Leopoldina eternamente adormecido.

Adriano Lima Neves
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