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"Sonhos de Imortalidade" traz exposição de imagens do Museu do Colono a partir de terça-feira (24)

A mostra "Sonhos de Imortalidade: carte de visite/carte cabinet/processos fotográficos" está inserida no projeto "Aproximação ao Patrimônio Fotográfico do Museu do Colono" apresentado ao edital nº 022/2019 de seleção de projetos culturais de educação patrimonial no Estado do Espírito Santo. O projeto é uma ação de Educação Patrimonial que visa efetivar através de uma mostra fotográfica, visitas mediadas, vivências e oficinas um encontro especial da população capixaba com um conjunto de fotografias pertencentes ao Museu do Colono.

O objetivo do projeto, através de uma exposição de fotografias e suas diferentes ações educativas, é contribuir para potencializar o ambiente do Museu do Colono como um espaço de grande importância para a valorização, ressignificação e apreciação do patrimônio fotográfico do Espírito Santo.

O acervo fotográfico do Museu do Colono de Santa Leopoldina é uma amostra do surgimento e desenvolvimento da fotografia no Espírito Santo - e no Brasil - a partir da segunda metade do século XIX. A então Colônia de Santa Leopoldina, mesmo distante dos grandes centros urbanos, concebeu um panorama social e cultural capaz de permitir o estabelecimento e a dinamização fotográfica no interior do Estado.
O caráter original do papel da fotografia nessa região contou com a participação dos primeiros fotógrafos locais, dos colonos e também de uma classe burguesa que, juntos, evidenciam um amplo universo de contextos sociais e de usos e funções da fotografia.

Para nos aproximarmos desses contextos, a mostra "Sonhos de Imortalidade: carte de visite/carte cabinet/ processo fotográficos" exibe uma seleção de retratos do acervo do Museu do Colono que busca impender três prerrogativas: primeiro, uma aproximação ao início da fotografia no Espírito Santo a partir de imagens produzidas por alguns dos primeiros fotógrafos que se estabeleceram no Estado, a exemplo de Albert Richard Dietze, Joaquim Ayres, Felix Bartels e, também, fotógrafos de atuações em outras capitais e estrangeiros.

Segundo, exemplificar ao público a variedade de processos fotográficos encontrada no acervo do Museu do Colono: albumina, cianotipia, colódio e gelatina por impressão direta, platinotipia, entre outros, que narram a própria história da fotografia e englobam praticas, materiais e técnicas que resultam em imagens de variadas cores, superfícies, formas de apresentação etc. Esses diferentes processos fotográficos já se constituem num patrimônio histórico e tecnológico de uma sociedade e um testemunho do desenvolvimento estético da fotografia no Estado do Espírito Santo.
Terceiro, ilustrar o papel dos formatos fotográficos carte de visite-cartão de visita- e o carte cabinet- cartão gabinete que permitiram a democratização e a popularização do retrato. O formato fotográfico carte de visite foi patenteado pelo fotógrafo francês André Adolphe Eugène Disdéri no ano de 1854 e tem como característica ser uma imagem fotográfica com dimensões em torno 9,5x 6cm, inserida sobre um cartão secundário rigido de aproximadamente 10,5 x 6,5cm. Além da novidade do tamanho, e baixo custo, esse formato inclui como inovação o uso da cenografia: é o momento em que surgem os telões pintados, o uso de móveis e de artigos decorativos diversos como parte do retrato fotográfico.

Na sequência da popularidade do carte de visite, e tendo o mesmo tipo de apresentação, surge, na Inglaterra, pelos anos de 1860, um formato fotográfico de tamanho maior que também gozou de alta popularidade: o carte cabinet, que apresentava fotografias de cerca de 14 x 9,5cm montadas sobre um suporte secundário de cartão rígido de cerca de 16,5 x 11cm.

Esses dois formatos fotográficos do século XIX, ao popularizarema fotografia permitiram que essa circulasse em diferentes espaços urbanos e rurais e, hoje, possibilita utilizar o retrato fotográfico como um documento visual histórico importante que permite inquirir sobre as relações e os imaginários sociais do período oitocentista no Espírito Santo.

O carte de visite e o carte cabinet principiam a era democrática da representação do indivíduo e fazem com que o retrato fotográfico, que para a maioria das pessoas do século XIX se constituía em um fato excepcional, fosse pouco a pouco se convertendo em algo habitual tendo o papel de perpetuar o afeto, recordar a quem admiramos, construir imaginários, ocupando diferentes espaços da vida cotidiana: no álbum familiar ou adornando móveis e paredes das residências. Assim, tanto as classes burguesas quanto as populares puderam, ao longo do tempo, construir suas memórias e o sonho da imortalidade.

Confira a programação para o mês de Junho no Museu do Colono
Maike Trancoso

Fundador do Jornal online O Leopoldinense e portal Tempo - ES Vice-presidente do portal de notícias GIRO ES

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