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Preso um dos ‘laranjas’ que atuava no esquema de lavagem de dinheiro revelado pela Operação Piànjú

 

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor de Justiça Tiago Boucault Pinhal, informa que foi preso na quinta-feira (17/12) no Espírito Santo um dos “laranjas” utilizados no esquema de lavagem de dinheiro revelado pela Operação Piànjú. A pessoa, que utilizava a identidade falsa com o nome de Gerson Francisco Borges, foi presa e identificada pela polícia, assumindo que concordou com a abertura de uma empresa fictícia e de uma conta bancária utilizando a documentação ilícita. Para isso, recebia pagamentos mensais feitos por outros integrantes da organização criminosa que foram presos na quarta-feira (15/12). “Gerson” foi encaminhado preso para o Centro de Triagem de Viana (CTV).

A operação, deflagrada pela Polícia Civil (PC-ES), por meio da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV/Deic) e do Gaeco, contou com apoio das Polícias Civil de São Paulo, Alagoas e Ceará, além da Capitania dos Portos, e teve o objetivo de desarticular uma estruturada organização criminosa de lavagem de dinheiro, com atuação interestadual e internacional.

O MPES, por meio do Gaeco, informa ainda que o material apreendido, que se encontra lacrado, está em análise, que importará em novos desdobramentos, como a prisão realizada na quinta-feira. Os altos valores em dinheiro envolvidos, US$ 630 mil e R$ 230 mil, serão depositados em contas judiciais e ficarão à disposição do juízo para depois, na formação da culpa, ter uma destinação específica.

Esquema

O grupo criminoso atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.
A operação foi realizada de forma simultânea nos Estados do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica), São Paulo (Capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió). Ao todo, atuaram na operação 118 agentes, entre delegados, investigadores e agentes das Polícias Civis dos Estados envolvidos, além de promotores de Justiça e agentes do Gaeco do Espírito Santo e de São Paulo.

Foram expedidos 126 mandados judiciais, sendo, 18 mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão, 23 sequestros de embarcações, 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e duas ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.

Entre as ordens de busca e apreensão encontravam-se 12 imóveis, três veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações. Foi necessária, inclusive, a utilização de uma máquina de contar dinheiro, diante do volume de cédulas encontradas.

Investigação  

Durante dois anos de investigação, a Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos do Espírito Santo comprovou que a célula da organização criminosa investigada, que atuava no Estado do Espírito Santo, composta por dois grandes empresários, além de diversos outros membros, agia como “prestadora de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas. Tinha, inclusive, ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal, entre elas, a Operação Chorume e Operação Descarte. Também se relacionavam com empresas que foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, todos no âmbito da Força Tarefa da Operação Lava Jato, além de uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por desvios de mais de R$ 98 milhões em ICMS. Essa organização criminosa sediada no Espírito Santo movimentou mais de R$ 800 milhões em valor global.

Os membros responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro usavam empresas de fachada e fictícias, criadas valendo-se de identidades falsas, expedidas pelo Setor de Identificação da própria Polícia Civil do Estado do Espírito Santo. A organização criminosa e os beneficiários da lavagem, ou seja, os “clientes”, que tinham os valores remetidos para contas de empresas na China e Estados Unidos, se valiam da precariedade do sistema atual de emissão de identidades civis.

PIÀNJÚ – o nome da operação faz referência à palavra em mandarim, que significa uma “fraude”, uma “armadilha”.



  

 



 


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