Nível de barragem cai e preocupa agricultores de Santa Maria de Jetibá

Os recursos hídricos da barragem de Rio Bonito são utilizados para a agricultura da região serrana capixaba por meio da produção de alimentos, abastecimento humano com a geração de energia elétrica, além da utilização da água potável para abastecer os municípios que compõe a Grande Vitória.

"Vários municípios fazem uso da água potável desta barragem. Atualmente, o sindicato estima que em torno de 38 a 40% dos municípios da Grande Vitória utilizem essa água", contou o presidente do Sindicato, Egnaldo Andreatta.

Andreatta explicou que mesmo que o período de estiagem tenha acabado e tenha entrado o período de chuvas e com isso, os agricultores não precisem irrigar tanto suas lavouras, o nível da barragem do Rio Bonito continua baixo.

"O nível de água da barragem continua instável e oscilando bastante, sempre em ritmo maior de baixa desde o início do mês setembro deste ano, mesmo chovendo bem em nossa região a partir de meado de outubro a situação continua preocupante. Aconteceu uma redução de mais de 40 centímetros na represa, além de redução nos níveis de córregos e rios da região, disse o presidente. 

O Sindicato já enviou os ofícios ao governador Renato Casagrande (PSB), ao secretário de Estado da Agricultura (Seag), Paulo Foletto, e ao diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Fábio Ahnert alertando sobre a situação.

"Esse é um problema que começou em 2016 e vem se arrastando nas sucessivas gestões do governo do Estado. Os órgãos competentes informaram que, se o nível ficasse muito instável iriam intervir, mas até agora nada disso foi feito", informou o presidente. 

Segundo Andreatta, os agricultores e todos que dependem da barragem do Rio Bonito, querem saber o motivo pelo qual o nível da água só diminui. 

O efeito sanfona do nível da barragem começou a ser mais visível a olhos nu desde o inicio de setembro/2020. Por que isso está acontecendo agora com tanta frequência em nossa barragem? Prejudicando em tempos de estiagem todos os seguimentos que dependem daquela água (agricultores e suas famílias, setor agrícola como um todo, setor turístico, cultural e socieconômico) e em tempos de chuvas praticamente as mesmas atividades continuam sendo afetadas? Será que este efeito sanfona do nível de água de nossa barragem que agora está bem mais visível, prejudica novos investimentos em nossa região? Além daquilo que já está sendo prejudicado? Será que é tão difícil por parte da empresa que administra a produção de energia da barragem manter um nível de água estável que proporcione segurança para todos os seguimentos que utilizam ou dependem da água da barragem?", questionou a entidade em suas redes sociais.

"Se baixar mais um pouco do que está, já ficam inviáveis várias situações, colocando em risco a população de Vitória e os nossos agricultores", declarou o presidente da entidade.

"Não sabemos o limite correto, mas fica entre três e seis metros abaixo do que está ali hoje para haver interrupção de produção de energia e garantir o consumo humano e a agricultura", diz, ressaltando que "a energia elétrica produzida ali é insignificante!" e que "o Estado e o município de Santa Maria podem muito bem sobreviver sem aquela energia, mas será que a Grande Vitória e os agricultores conseguem sobreviver sem aquela água?", questionou.

"Queremos respostas, porque a natureza está pedindo socorro e isso afeta todos nós. O governo tem que se posicionar, água e alimentos para a Grande Vitória e todo o Espírito Santo? Ou energia elétrica, somente?", destacou Andreatta.

A solução que os agricultores e o sindicato reivindicam é elevar o nível de importância da agricultura familiar dentro do usos da água da barragem, que atualmente têm a produção de energia elétrica como prioridade"

"Os agricultores merecem ter mais segurança para produzir alimentos e manter os filhos na propriedade, evitando o êxodo rural. Quanto mais segurança os órgãos públicos conseguirem transmitir para os agricultores, melhor para toda a sociedade", argumentou o presidente do Sindicato.

A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), informou que monitora as vazões do Rio Santa Maria da Vitória e está acompanhando o nível de água da barragem de Rio Bonito, junto à empresa operadora do reservatório.

Até o momento, a vazão do rio apresenta comportamento normal, na média para o período, e a cota da barragem ainda está dentro do nível de segurança, tanto para o abastecimento humano e agrícola, quanto para absorver o impacto de possíveis chuvas, comuns em grande volume neste e no próximo mês, explicou a Agerh.

A Agência ressaltou ainda que segue acompanhando os dados, em diálogo com as operadoras de energia elétrica, de abastecimento de água e com os sindicatos dos trabalhadores rurais. Em caso de criticidade hídrica, a geração de energia pode ser suspensa para priorizar o abastecimento humano.

Fonte: Tribuna Online