COLUNA Adriano Lima Neves

Você conhece a Rua Nova em Santa Leopoldina?

Por Adriano Lima Neves


Talvez quem tenha menos de quarenta anos não lembre, mas a minha geração e até alguns poucos jovens da geração atual ainda se referem à Avenida Prefeito Hélio Rocha, a rua da Prefeitura, como “Rua Nova”. Quem participou daqueles disputados torneios de futebol no campinho que existia na área à beira do rio Santa Maria, onde hoje é o estacionamento público, abaixo da feirinha, ainda se lembra que os times eram divididos por nome de ruas.  Tinha o time da rua do Barracão, da rua do Gringo, da rua de Cima, entre outras. E um dos mais fortes era exatamente o time da rua nova, que hoje é a Avenida Prefeito Hélio Rocha. Tinha jogadores da família Barcelos, dos Gaiba, dos Volkart e o amigo Evandro Nickel, o que dava um tom de mais vigor naquele time, aumentando a temperatura das disputas. Era tão disputado que o barranco em frente, que não existe mais, ficava cheio de espectadores.
Essas memórias são muito gostosas de reviver, mas me surpreendo ao perceber que a população atual de Santa Leopoldina desconhece esses fatos, principalmente a origem desse apelido que a “Rua Nova” tem. Desconhecia até agora, pois hoje contarei essa história para o leitor de O Leopoldinense.

Por que Rua Nova??

Até o final do Século XIX, somente três ruas de Santa Leopoldina possuíam calçamento (de pedras): a rua do Comércio, atual Avenida Presidente Vargas; a segunda era a rua de Cima, que foi batizada como Costa Pereira quando da morte do ex-presidente da Província do Espírito Santo, José Fernandes da Costa Pereira, em 1899; e a terceira rua com calçamento de pedra era a Rua Taunay & Telles, que hoje leva o nome de José de Anchieta Fontana.

A atual Avenida Prefeito Hélio Rocha apesar de ser uma rua estreita naquela época, com poucas construções e poucos moradores, já tinha um nome. Em 1886, ano da morte do ministro do Império Couto Ferraz, essa rua foi batizada com o seu nome. Era uma pessoa importante, pois além de ter sido coleguinha de infância de Dom Pedro II, foi ele que assinou o ato de criação e demarcação da colônia de Santa Leopoldina, em 1856.

E ficou assim durante uns 40 anos. Só na Administração de Luiz Holzmeister, entre 1916 e 1918, quando a nova sede da Prefeitura Municipal começou a ser construída é que houve a necessidade de melhorar o acesso à essa nova área da cidade, alargando a rua. Como havia um desnível acentuado que se iniciava na altura da residência da família Nickel, foi feito um desbaste desse desnível e um aterro da parte mais baixa, onde passava uma água que descia do morro atrás do posto de saúde, principalmente em época de chuvas. Inclusive a área onde hoje é o posto de saúde foi criada em função desse serviço de aterro, pois foi dali que retiraram a terra para a obra.
Apesar de que todos os créditos da construção da nova prefeitura devam ser dados ao Prefeito Luiz Holzmeister, cujo mandato terminou em 1918, só em 13 de maio de 1920, é que aconteceram as inaugurações dessas obras em Santa Leopoldina.

E foi um pacote de inaugurações que contou até com a presença do representante do Presidente Bernardino Monteiro, o capitão Gastão Americano.

Foram inauguradas de uma só vez as instalações definitivas do prédio da Prefeitura e Câmara, o calçamento de paralelepípedos da rua principal, hoje Avenida Getúlio Vargas e a obra de alargamento, aterro e calçamento da nova rua Couto Ferraz, chegando até a Prefeitura. 

E esse é o motivo pelo qual a atual Avenida Prefeito Hélio Rocha ficou conhecida na época como “Rua Nova”.

Confira mais detalhes: https://www.youtube.com/watch?v=QYuf-RAw1PY&t=23s&fbclid=IwAR10s29Pwt9wcANzyA5gJi7NiLht6FUU7MDCQHfS3_uDITasXgCZJOJxLn8

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2 Comentários

  1. O que impressiona é a riquesa de detalhes. isso sim, é ser históriador. bela narrativa.

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  2. Parabéns Adriano pelo detalhado relato histórico da rua onde cresci, aprendi a andar de bicicleta e a jogar futebol no campinho da beira rio com os contemporâneos moradores de nossa querida Santa Leopoldina Cici, Pelé, Tinteiro, Vanderlei Ratunde, Maçã, Déio Bernardino, entre muitos outros.

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