Aracruz

Assassino de empresário é condenado a 30 anos em Aracruz


O Conselho de Sentença de Aracruz, em julgamento realizado na segunda-feira 30, decidiu, por unanimidade, que Valdir Telles da Silva é o assassino do comerciante José Almeida Goularte, morto com um golpe de foice na cabeça, no dia 27 de março de 2019. O juiz criminal Tiago Fávaro Camata condenou o réu a 30 anos de reclusão, em regime fechado, por homicídio duplamente qualificado e por motivo fútil.

Valdir está preso desde quando cometeu o crime, na localidade de Grapuama. Na fixação da pena, o magistrado registrou que o crime foi praticado mediante intensa premeditação, cuidadosamente planejado, além de ter sido praticado de forma brutal e covarde. Por causa da pandemia, os familiares e amigos não puderam assistir o julgamento, mas promoveram um ato em frente ao Fórum, portando cartazes.

Na sentença, o juiz Camata destaca que “a conduta social, assim compreendida como o comportamento do réu em seu ambiente familiar, do trabalho e na sociedade, merece reprovação, porquanto, conforme consta nos autos, o acusado, em seu ambiente social e familiar, trata-se de pessoa de comportamento extremamente agressivo perante a própria família e no seio social”.

As provas constantes nos autos demonstram que o Valdir Telles apresenta personalidade de pessoa extremamente perversa, covarde, cruel e fria, revelando a capacidade de cometer ato de tamanha barbárie contra pessoa que havia, inclusive, concedido oportunidade de emprego à própria esposa do réu e que possuíam relação de amizade entre as famílias.

A própria esposa de Valdir relatou, à fl. 39, que “José Goularte era uma pessoa bastante tranquila; que Valdir e José Goularte nunca se desentenderam anteriormente e sempre tiveram uma relação muito boa, inclusive, a declarante já trabalhou como empregada doméstica para a família de José Goularte e em decorrência disso, as duas famílias ‘mantinham uma relação de amizade muito boa‘”.

Outra testemunha, G. A. R. G, em juízo – mídia à fl. 233 –, ainda noticiou que o acusado e a esposa frequentavam as festas da loja, que o réu já prestou serviços para a família da vítima e chegou a ser indicado para muitas pessoas, tendo o denunciado, ainda, aproveitado-se da conduta inocente e sem malícia do ofendido, o qual foi ao local, desarmado, sem acreditar que o réu havia anunciado sua morte.

Em negativa de habeas-corpus, o Tribunal de Justiça registrou que “merece acolhimento o pedido de valoração negativa da personalidade do agente, pois o contexto probatório releva que o comportamento do réu é desvirtuado, já que, além de ameaçar a vítima, (…) costumava persegui-la e vigiá-la reiteradamente, tanto durante o relacionamento, como após o término, deixando-a psicologicamente abalada quando percebia sua presença”.

Goularte foi assassinado em plena luz do dia, no momento em que o comércio de Grapuama estava aberto, demonstrando uma maior ousadia do réu na execução do crime. O juiz Camata conclui a sentença destacando que as consequências do crime são reprováveis, uma vez que, conforme certidão de óbito, a vítima deixou quatro filhos, dos quais um possuía cinco anos e outro possuía apenas cinco meses de idade, os quais foram privados de um direito fundamental, consistente na convivência e na relação paterno-filial, sendo possível aferir, ainda, que, em razão da tenra idade, as crianças sequer terão recordações acerca do pai.

A viúva da vítima, Geanes Goularte, que é advogada, desabafou ao final, dizendo que “foi um dos dias mais emocionantes da minha vida. Como ficaria exposta, não assisti o julgamento inteiro, porque o advogado quis evitar exposição, e por ser advogada não poderia manifestar nenhum tipo de emoção. Foi incrível, o coração parecia sair pela boca e ele pegou a pena máxima prevista em lei”.

Como foi o crime


José Goularte, na época com 62 anos, morreu após receber um golpe de foice na cabeça. O empresário foi assassinado após uma discussão por conta da instalação de um hidrômetro. O crime foi às 11h20, no distrito de Grapuama, em Aracruz. Segundo o tenente do 5º Batalhão (Aracruz) da Polícia Militar, Barros, o suspeito, 47, comprou parte do loteamento da vítima há dois anos. No dia do crime, dois prestadores de serviço estiveram na casa do acusado para instalar um relógio.

Ele ficou descontente e mandou que os prestadores de serviço chamassem quem os contratou, o José. Ao chegar, José foi atacado pelo suspeito com vários golpes de foice na cabeça. “Ele chegou a correr por 20 metros, mas morreu. O crime foi na frente dos prestadores de serviço e a mulher do suspeito também testemunhou”, contou o tenente Barros. Dias depois, ele acabou preso e está no CDP-A de Aracruz. Com a condenação, será transferido para o complexo penal do Estado.

O acusado fugiu no matagal. “Usamos helicóptero e cães da PM para poder localizá-lo, da hora do crime até às 17 horas e ele não foi localizado”, explicou o militar. As testemunhas prestaram depoimento na 13ª Delegacia Regional de Aracruz. A vítima tinha uma empresa que produzia ração e outros produtos agrícolas. Além disso, era dono de lotes.

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